a natureza não obedece
- Marina Gouvea
- 22 de jul. de 2024
- 2 min de leitura
quando era criança dizia que queria ser cientista.
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por anos, a pergunta: “porque as pessoas não fazem mais pra superar a crise socioambiental mundial?” me pinica.
fui, então, esmiuçando minhas pesquisas.
achava que era por causa de falta de informação.
mas… não!
estudos comprovam que isso é um mito.
que pelo menos 80% de um comportamento pró-natureza, ou não, está ligado a fatores situacionais, de onde e como a pessoa está.
isso me atingiu profundamente.
não adianta ter a tecnologia e ponto.
tem algo da ordem do humano nessa história.
e, ignorar nossa humanidade, é exatamente o que nos meteu nessa confusão.
também não é sobre superar a crise a todo custo.
isso seria definir um “fim” pra justificar os “meios”.
quantas atrocidades já não fizemos, como sociedade, em nome de um propósito nobre ou outro?
essa é uma filosofia incrustada na gente.
se você for um pouco como eu, quantas vezes já não se impediu de fazer algo porque não achava que daria resultado? não conseguia ver aonde aquela ação te faria subir na vida? o que sacrificou por isso?
e é aí que a gente se perde.
na verdade, são os “meios” que mais importam.
o “fim” a gente não sabe.
mas a gente fica tentando controlar tudo.
com muito medo do não saber.
e até onde nos agarramos ao previsível pra provar que estávamos certos? de que não tem mesmo jeito de fazer deste um mundo melhor?
mas sabe o que eu acho bom?
a natureza não obedece.
a vida sai do trilho.
o real é incalculável.
então, ao invés de tomar decisões com base no futuro que nunca chega, com base no “tenho que bla bla bla”, posso me permitir escolher aquilo que me faz bem, agora?
abrir pra possibilidades mais agradáveis?
relembrar do poder de cura que a diversão tem?
num sistema que gira em torno da falta, estar contente é, sim, revolucionário.
— inclusive, desconfie de qualquer revolução que não envolva brincadeira, celebração, escuta, reflexão e o desconhecido. (Eisenstein, C., 2016)
não são essas as coisas que mais precisamos na Terra?
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me considero uma cientista, mesmo sem um papel com esse título.
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